Página em branco com pensamentos, poesias, fotografias, filmes, músicas, pinturas.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Baú


Meu coração ansioso e ancião...
não sabe ter chão. Só o mar.
Marejados são meus olhos.
E a lua continua lá.
E as estrelas também estão lá
Gotejando.

(Scheilla Franca)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Caravelas


Sem chão
a menina vestia
o véu de estrelas de uma noite
Sem luar


Pés descalços
Areia entre os dedos
Tempo escorrendo pelas mãos
Sem luvas

Sua alma tocava o silêncio
Daquelas horas
Sem luz
Pelo caminho o universo

Pelo caminho ao inverso
Ela se tornava caminho
Areia e sol.
Quando a luz voltou

A menina vestida de noite
E estrelas
Dormia aos pés do mar
Imersa no universo

Sem hora pra acordar.


(Scheilla Franca)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Jardim


Diante das horas cintilavam duas estrelas
Uma diante da outra
Distante da outra
Uma era a outra
Refletida
Escondida
Vida
Eram duas amigas as estrelas distantes
Diante uma da outra estavam
Mais perto impossível
Do mistério universal
E diante dessa cena
É madrugada e faz frio
A janela aberta e os olhos
se fecham. Pouco importa.
As estrelas ainda tem uma a outra.
Elas sorriem e eu só finjo
Dormir
Pra escuta-las
Sorrir.

Era um lago. Era o universo.
Era eu. Era o verso.
Meu inverso mais igual impossível.

(Scheilla Franca)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Cigana


Há dois minutos atrás
Tudo volta a ser quando se desfaz
A cidade ao avesso se refaz
Nas linhas da mão esquerda

Estou lendo o que você
Um dia poderá escrever

Na palma da mão
O destino pulsa
Em círculos, em retas
Em esquinas, em portas abertas

E ele só escreve
O que quer esconder

Pois antes que se ponha o sol
Fitas no cabelo, linhas dançam pelo ar
Dançam destinos
É hora de dormir

O sol se esconde na linha do horizonte
E o destino se revela nas linhas das mãos

E nas fitas brilhantes da cigana
E nas cordas das harpas intocáveis
Nas palavras indóceis e nos olhos
Que não poderiam ser mais sinceros.

(Scheilla Franca)







































domingo, 31 de julho de 2011

Música do domingo



Retrato pra Iaiá (Los Hermanos)

"Num retrato-falado eu fichado
exposto em diagnóstico.Especialistas analisam e sentenciam:Oh, não!
Deixa ser como será.
Tudo posto em seu lugar. Então tentar prever serviu pra eu me enganar"

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Resposta



E se apenas houvesse o controle
Se bastasse a espera em si
Se o minuto cravasse seu dardo
Em lágrimas que insistem em não cair?

Eternizar-se-ia o nada
Em palavras que seriam brancas
E as nuvens brandas, elas não existiriam
Porque também não haveria céu.

A existência da espera é traço
Antecede o movimento e o existir
Se espera pelo nada e não sabe o que desenhar, aguarda.

Ainda que seja espera 
É uma ação que faz por ti.
Atente, contudo, que ela não encerre em si.

(Scheilla Franca)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Noturnos


Migra a alma
Arrasta-me
Afasta-me
De tudo que acalma
E destrói.

Vai longe, passos largos
De tudo que não é
De tudo que é
e não deixa ser
Tudo que se é

Harpa
Farpa
Zarpa,
Alma
Rouquinha e

Azul. Minha
Voz e o violão
Vagam
Vagarosas
Mas não em vão.

A chuva cai
Ela sai.
A alma vai.
Lua alta.
Pássaros brancos, Verão.

(Scheilla Franca)

Infância II ou A canção do Sul q voltou...


Depois de anos de busca por esse filme... finalmente aqueles minutos de infância voltaram a me encontrar...

Perdida entre lembranças lágrimas e sorrisos... fica aqui mais viva que nunca a criança que sou eu... 


Finalmente descobri o nome do filme... se chama "A canção do Sul", um filme da Disney, lançado em 1946. Minha avó tinha 16 anos... O filme mistura em sua narrativa técnicas de animação e live action. Mas... mais do que qualquer motivo que eu pudesse dizer... mais do que qualquer argumento... eu AMO esse filme porque ele encheu a minha infância de um "sentimento maravilhoso... maravilhoso dia" que se prolonga até hoje. 

Obrigada ao destino que nos reuniu e me permitiu saber nomes, músicas, atores... lindo filme... momentos inesquecíveis que o relógio não pode trazer de volta... mas que a alma jamais esquecerá.

E eu... eu só posso agradecer humilde e feliz. Gratidão. E nostalgia.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Em cartaz: Amores Expressos (Wong Kar-Wai)


Um filme brilhante sobre o amor, em duas grandes histórias. Personagens cativantes. Fotografia luminosa. Trilha... bem... a trilha talvez seja o maior caso de amor de Wong Kar-Wai e é essencial nessa obra maravilhosa... Sem mais descrições, fica a dica e a música. 

"Todas as folhas estão marrons
E o céu está cinzento.
Eu saí para um passeio
Num dia de inverno."
(California Dreamin')




quarta-feira, 20 de julho de 2011

L'amitié


No caminho era a música
Mais importante que chegar
Era ouvir a música e caminhar

No fim do túnel, no fim do mundo
O caminho não tem fim
Tem trilhos e eu gosto de dizer

Que a trilha do caminho é a amizade
E a música que cantamos alto
Vidros fechados e coração escancarado

(Scheilla Franca)

domingo, 17 de julho de 2011

Sintonia



Ouvia o silêncio que havia
E ardia naquele peito
Que não batia.

Era tardia a noite daquele dia
Difícil dia demorado difuso
Dia que raiou com as estrelas

Dividido aos quartos, minguante
O dia difícil passado a limpo
Em ruídos velozes velados.

De veludo era a voz silenciosa
Que monologava em intermináveis
luares circulares com o peito mudo

Na sintonia de um dia que nasceu
Da dor, do escuro fez-se sol à noite
Fez-se dia onde nada existia.

E tudo resistia ao
Eclipse. Em silêncio mas em
Sintonia. Singular. Só, em plurais soltos sob o sol.

(Scheilla Franca)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Heimweh



Eu não entendo
Nada do que você diz
Mas você diz mesmo assim
E eu sinto, meio sem

Querer. É busca.
Eu estou aprendendo a ver
Eu estou aprendendo
Não se preocupe

Que nada é em vão.
São escolhas. É tempo.
É espaço. São vãos. O caminho mais certo
Nem sempre é o fácil. E por que não?

Eu sinto saudades e você não vai ouvir.
E no fundo, aquilo que eu
Não entendo e sei 
É que você sente também.

Somos estrangeiros.
Somos estrangeiros.
Somos estrangeiros.
Até que os olhos se encontrem.

(Scheilla Franca)

sábado, 18 de junho de 2011

Madrugada



Ante o pulsar
Atônito
Do meu peito
Afônico
O seu olhar
Atômico
Fez falta, falta que faz
Falta de
Ar.
Falta você
Ao som da Flauta
O dom que falta
A Lua no céu vai Alta
Vai Lua pra trás do mundo
E traz a falta que faz
Rastro mudo de estrelas
Na noite Azul
Pra eu me tocar
E ouvir o Silêncio de tudo
Que me espera tanger
Tocar
Pra ser pulso 
Acelerado e falta de
Ar.

(Scheilla Franca)


segunda-feira, 13 de junho de 2011

Temporada das Flores (Leoni)

Amo!
--

Que saudade agora me aguardem,
Chegaram as tardes de sol a pino,
Pelas ruas, flores e amigos,
Me encontram vestindo meu melhor sorriso,
Eu passei um tempo andando no escuro,
Procurando não achar as respostas,
Eu era a causa e a saída de tudo,
E eu cavei como um túnel meu caminho de volta.
Me espera amor que estou chegando,
Depois do inverno a vida em cores,
Me espera amor nossa temporada das flores.
Eu te trago um milhão de presentes,
Que eu achava que já tinha perdido,
Mas estavam na mesma gaveta,
Que o calor das pessoas e o amor pela vida...
Me espera estou chegando com fome,
Preparando o campo e a alma pra as flores,
E quando ouvir alguém falar no meu nome,
Eu te juro que pode acreditar nos rumores.
Me espera amor que estou chegando,
Depois do inverno a vida em cores,
Me espera amor nossa temporada das flores.







sábado, 11 de junho de 2011

Harpa



São cordas essas linhas
Não são nada e por isso
Vibram sem compromisso.
Cheias de vícios,

Berrando vida
Burlam
O Silêncio
Dos meus dias.

Cortejando o amor
Declarando o perdão
São minhas as cordas em que
Desliza surda e

Sem saber,
Ou antes, sabendo-se mais,
Aquela que talvez seja
Estrangeira de Si.

São dias essas linhas
Ligeiras
Breves
Estrangeiras, não são minhas.

E o Sol nasce na linha
do Horizonte.

(Scheilla Franca)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Infância



Você me deu a liberdade
Agora é minha, agora é minha
Aquela rua, aquela rua
Ela é minha, ela é minha
E as estrelas do céu
Todas minhas, todas elas
Se refletem no ladrilho
Feito vidrilho, meu ladrilho.

Eu me livrei do espartilho
Respirei fundo, me enchi de ar
E voltei a flutuar,
Voar, voar
Num céu laranja de vidrilho
Onde o sol já faz ferver
O chãozinho de ladrilho
Alí eu não piso, não piso não.

De lá de cima, eu posso ver
Você correr, me procurar
Cheia de mim, cheia de ar
Eu penso, sem te falar
Que essa rua, essa rua minha
Eu sei onde vai dar
Corre, corre até o ladrilho acabar
Vai dar no mar, vai me encontrar.

(Scheilla Franca)

domingo, 5 de junho de 2011

Acorda



Tá guardado o violão
Foi herdado, né meu não.
Tá no quarto, lá no galpão
Do que eu não ouso tocar,

Eu não. É bonito o violão
Empoeirado, uso não.
Um dia acordei, pensei então
Que havia sentido não

Em viver em caixas, solidão.
E vestir-se do que não se ama em vão.
Lógica imprecisa de um peito
Adormecido. 

E de tanto dizer não
Minha alma bem assim
De tanto ouvir não,
O violão disse sim.

Estancou meu pranto.
Desempoeirou meu sonho e
Como que por encanto, vibraram as cordas
Que aguardavam meu canto.

(Scheilla Franca)

sábado, 4 de junho de 2011

Amorenar.



Um coração sereno
É alegria sem mistério
Clareia abismos inteiros
Com seu olhar sincero.

Não há limite que não
Se transponha. Uma alma
Que sabe o que quer, que
Sabe quem é e

É bonito demais
Sentir a vibração de um olhar
E deixar-se tocar, se amorenar
Nesse Sol resplandecente

De paz. Que mexe com a gente.
E o bem que faz, não há
Descrição que sustente.
Meu Deus, só sabe quem sente.

É frescor que desfaz deserto
E faz sorrir remando em mar aberto
Ainda que seja sozinho
É calmaria.

O amor é a sua língua e os anjos
Estão contigo a dialogar. Sua voz é acalento
E os doces gestos trazem alento
Tingindo de azul claro esse bolero.

É bonito demais
Sentir a energia do seu viver
E deixar-se, simplesmente, mergulhar
Nesse mar, febril, vibrante.

(Scheilla Franca)

Asas do Desejo (Wim Wenders)

Margens



Às vezes de noite
Na janela fico a suspirar e
Aquela rua vazia e imaculada parece
Querer me convidar 

A percorrer seus caminhos
De labirinto
Eu sinto, não devo recusar
Um convite tão sincero do luar.

Então eu tiro o sapato e
Consigo tocar
O frescor do silêncio que antecede
O despertar no mês de agosto

Vou sentindo e seguindo
pra onde a rua quer me levar.
E pouco a pouco as pedras vão dar no mar...
Agora pisando na areia eu ouço seu canto

Também a vagar. E assim caminhando, perdidos
Tato com tato, eu posso escutar
Os grãos que cintilam
Singelos e amarelos à luz do luar

Sorrindo com o toque do nosso pisar.
Depois dessa travessia 
Em que se despede,
A nossa solidão, eu devo voltar

Pro dia que com tamanha
Euforia, me faz despertar.
Mais tarde, descompassada
Sem nome, atrasada e

Acordada demais pra lembrar
Eu te encontro pisando as pedras
Onde nos despedimos da solidão
Molhando nossos pés nas margens

De um mar de ilusão.
Sonho, loucura e emoção
De duas almas
Descalças, insones, sem chão.

E eu fico ali, parado
A contemplar, risonho
Você sair apressada e deixar
Seu rastro dourado de areia a brilhar.

(Scheilla Franca)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dança




Não estranhe a minha pressa
É que eu não posso deixar passar
Destino, cansei de discutir
Vamos chegar num consenso
Que seja pros dois a contento
Sem mais desavenças, eu aconselho.

Dou-me a ti, em minha dança primeira
Entrego-me, rendo-me ao teu olhar.
Conduza-me os passos incertos,
Agora um pouco seus
Ainda que sejam meus
Os pés, compartilhemos o caminho.

Entrego-me em dança, 
Vem dançar, vamos dançar
Que o Sol há de raiar
E eu verei, por fim
O que se escondia e agora
Irradia em mim.

Dancemos pra iluminar
Conduzir, entregar, confiar
Parceiros
Inteiros
Luz e
Sim.

(Scheilla Franca)

A Canção que chegou (Cartola)



Não canso de ouvir...
Indico demais... Aliás, indico o CD inteiro "Verde que te quero Rosa", de Cartola (1977).

É de Cartola, mas é tão meu nesse momento...

----


Na manhã que nascia encontrei
O que na noite tardia desejei
E vou feliz a cantar por aí
Assim...
Toda tristeza que havia
Agora expulsei
Com a canção que chegou
E vou cantando alegre
A felicidade que Jesus mandou
Lembro dos tempos de outrora
Que quase me roubam
A esperança e a fé
E hoje me volto contente
Cantando pra Deus
Que tanto me ajudou
Não vou culpar os amigos
Fingidos que outrora eu tive
Na vida
Nem vou dizer
Que a razão do fracasso
Se prende a batalhas perdidas
E confiante despeço-me
Todo feliz a cantar
Agradecido ao bom Senhor
Por me ajudar

Compromisso


Hoje acordei disposto
A falar de compromisso
Mas as palavras fugiram
Me faltaram, sumiram

Cambalearam e burlaram
O meu compromisso
Daquele que sou cativo
Por vontade, é preciso dizer,

É verdade. Que pra ser cativo
É preciso antes saber ser carteiro
De versos que virão. Pra ser livre,
Para ser inteiro, ser cativeiro de inspiração

É preciso estar disposto
a estar à disposição
Sem saber ao certo
Dos caminhos que virão.

E assim, meio sem vontade, sem definição 
Atravessei a rua
E fui atropelado pela vibração
De um olhar tão vivo

Calado de dor, vazio de não.
E só então fui encontrado
Pelas palavras fugidas, resgatado
Que encontraram agora inteiro

O meu coração atropelado
Por tanta vida ganhou novo nome e ainda ofegante
Sorriu versos renascidos
Sem compromisso alí mesmo, alí no chão.

(Scheilla Franca)

segunda-feira, 30 de maio de 2011

A Escada (Edu Krieger)




Cada degrau que eu subo é uma festa
De festa em festa vou subindo com prazer
Olho pra cima e vejo o quanto resta
A escada é tão comprida
Que eu nem consigo ver

Mas sei que lá no alto dessa escada
Existe alguma coisa além do nada
Eu subo, passo a passo, até o final
Sabendo a importância
De subir cada degrau



http://www.youtube.com/watch?v=h-hIDwcfyCY
-----------------------------------------------


Já conhecia algumas músicas compostas por Edu Krieger, mas só hoje descobri o seu CD, sua cara...
Enfim...

Adorei!

Domingo



Está terminado
Tudo está acabado
Foi-se embora a ilusão
E a tristeza se foi, é passado

Agora está aberta
A porta do meu coração
E faz sol, é um dia bom
O domingo passou...

Que o domingo traz consigo
Prazer com gostinho de dor
Segunda antecedida
Presente, sentida com fervor

Precisamos reconhecer
Uma sutil diferença entre eu e você.
Eu amo e não sei o que
Você sabe, mas não tem querer.

Deixe chegar a alegria de se descobrir
De caminhar sem se perseguir
Sem tentar entender, olhar e retribuir
Que tudo vai se encontrar, que a vida vai florir.

Já que está terminado
O tempo de sofrer pra conseguir
Uma alegria no peito
A felicidade no eterno porvir

Está terminado
Tudo está acabado
Foi-se embora a ilusão
E a tristeza se foi, é passado.

(Scheilla Franca)

sábado, 28 de maio de 2011

De manhã



Os lábios
Há muito desbotados
Vestiram-se de folia
Traduziram-se em flor
E arriscaram um sorriso
Ainda trôpego, meio
Indeciso.

Mas como fica lindo
Aquele sorriso
Tropeço discreto
De uma alma
Indescritível
Como a Lua no céu de
Junho.

Nesse tropeço, eu caí
Sorria, meu bem
Que ver você florir
Feitiço de Lua
Fez de mim
Versador de alegrias
Trovador.

Seu sorriso
Mimoso, dividido,
É Monalisa, é inspiração
Máxima expressão
Que paralisa as dores
Afasta os males, acalma
Os mares e desperta a criação.

(Scheilla Franca)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Canção de Peixes


Arco-Íris (Casuarina)
Além do arco-íris o mundo é mais belo
Tem tanto castelo suspenso no ar
Além do arco-íris o tempo é sem pressa
Pois nada começa
Nem pode acabar
Além do arco- íris até mesmo o sonho
Não fica tristonho de ser sonho só
Além do arco - íris a lua é mais cheia
E o som pela areia espalha ouro em pó
Além do arco- íris as nuvens não correm
Os rios só morrem nos braços do mar
Além do arco - íris não tem céu deserto
E o longe é mais perto
Que qualquer lugar
Além do arco-íris mais livre descalça
A vida é uma valsa falando de amor
E o próprio arco - íris a gente até acha
Que dorme na caixa de lápis de cor...

O Círculo



Deixa-me ir, deixa
Esquece de interferir
Que aí a canção vai fluir
Que então tudo vai se encontrar

Não esquece que as palavras
São tintas de sentir, matéria
de tingir o pensamento
Deixa seguir, deixa seguir...

Pra que insistir em colocar
O pensar na frente do sentir
Sinta-se à vontade
Com vontade de seguir.

Deixa ir
Deixa amar
Deixa fluir e
Deixa-me ir, deixa.

(Scheilla Franca)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Nosso estranho mundo, Sofia...



Porque nos desencontros do universo criado por essa diretora eu me encontro.
Lá posso ser Marie Antoinette. Ser suicida e renascer, virginal.
Não há de haver melhor tradução perdida por aí
Do meu sentimento de eterno reencontrar o desencontro.
E o reencontro é inevitável. Em algum lugar. Um lugar qualquer
nos planos gentilmente sentidos dessa menina.
Estamos às voltas em nosso mundo, estranho, mundo, Sofia...

Filmografia:

Virgens Suicidas
Encontros e Desencontros
Maria Antonieta
Um lugar qualquer

Oração



Vem, Amor
Vem me ensinar
A escutar estrelas e
A respirar as solitárias faíscas

Que brilham no fundo dos olhos meus
Diante do Espelho. Amor, me ensina a deixar
De mentir. Vem revogar as leis que rotinam o roer
Das cordas do trapézio, das cordas do boneco, das cordas da harpa.

Me acorda. Arranca do meu coração essa farpa em feitio de cruz
Lançando sobre a Alma minha Luz. Feixes de cores tranquilas e perfumes
azuis. Vem e me conduz, Amor.  Abre os meus olhos pro interior. Me traduz. No mar, no mar.
No labirinto dos minutos transcorridos seja Espelho meu, Amor. Seja lá o que eu for: seja e sou.

(Scheilla Franca)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

NICK DRAKE



The Thoughts Of Mary Jane


Who can know
The thoughts of Mary Jane
Why she flies
Or goes out in the rain
Where she’s been
And who she’s seen
In her journey to the stars
Who can know
The reason for her smile
What are her dreams
When they’ve journeyed for a mile
The way she sings
And her brightly coloured rings
Make her the princess of the sky
Who can know
What happens in her mind
Did she come
From a strange world
And leave her mind behind
Her long lost sighs
And her brightly coloured eyes
Tell her story to the wind
Who can know
The thoughts of Mary Jane
Why she flies
Or goes out in the rain
Where she’s been
And who she’s seen
In her journey to the stars

Sobre a canção vermelha



O destino me deixou
Numa noite cinza de fevereiro
Frente a frente com o espelho
De um amor sereno

Mas me deixou esse amor
Deixado pelo destino
Uma flor vermelha
E uma canção sem letra

Vou apenas me deixando
Deixar as palavras seguirem seu
Destino,  versando sem queixas
E sem destinação

Sobre o amor vermelho
De uma noite cinza
Que em fevereiro no sereno
O destino me deixou

E sem deixas partiu
Deixando em mim, perfume
Eu deixei a dor que o destino
Deixou e plantei a Cor

Da Flor predestinada,
Que seguiu seu destino.
A lua serenou e brotou
Uma letra de amor em botão.

 (Scheilla Franca)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

“Além da vida”, de Clint Eastwood




Uma de minhas últimas experiências de conforto no cinema.

(Essas linhas tem tons absolutamente pessoais. Esqueci do meu diploma de comunicação quando escrevi. Mas ele (o filme) me fez tão bem, que não posso deixar de falar...)

Com um tom cotidiano, eu estou diante de personagens que estão para descobrir-se e se vêem envolvidos em um tsunami de acontecimentos e sensações que os fazem mergulhar dentro de si mesmos.

É um filme de contatos. De toques. De sensibilidade.

É sobretudo um filme sobre conexões, nas mais diversas dimensões que esse termo pode conter. O exterior e o interior entram em contato. Como as três histórias e se entrelaçam. Como as teias do destino. Como os planos da Terra e do Espírito. Matéria e Alma. Amor, Direitos, Deveres. Fragilidades.

De experiências agigantadas, exteriores, extraordinárias.

Mas que conduzem ao interior, a aceitação de quem se é.

O auge do filme. O encontro com o outro e, por conseguinte, consigo mesmo.

Aceitando os planos de sua vida comum e não tentando negligenciá-los é que o médium consegue enxergar-se e completar-se.

O tsunami que vivencia Cecile de France, no início do filme, não é maior que a revolução do seu modo de encarar as coisas no desenvolver do filme e, com certeza, não será mais impactante e revolucionário do que aquele encontro suave de mãos, tão emblemático quanto reconfortante.

É o reencontro. De almas (partidas, ao meio, repartidas, divididas) que saem do eco para encontrarem-se no diálogo.  É um filme sobre encontros e reencontros. Do conforto de ser quem se é.  De ouvir o que nos toca. De estabelecermos conexões.

Aceitação. Sossego. Calma. E novos desafios. Sem solidão, sem a dor que atropelava o destino e nublava a visão dos personagens. E o tsunami dá lugar à serenidade.

São só sensações.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Desassossego



O que é isso que eu desejo
E não tem nome
Que é fome, que é sede
De algo que nunca vejo

Por inteiro. Estou longe
Só sinto o cheiro
E desejo. Desejo de ser
Quem eu sou

Mas estou longe.
Sinto meu coração bater
Bater apertado,
Descompassado.

Quero ser hoje.
Que o passado não pode
Resolver o que virá.
Só o hoje desenha o amanhã.

E o destino envia cartas
Língua desconhecida
Espelho reverso
Saudade sem verso

É sufoco. É pouco.
Estou perto e não vejo.
Não consigo enxergar.
Sou o desespero na espera

Sem quimera.
Quisera eu poder
A alma curvar e servir
Vir a ser, enfim.

(Scheilla Franca)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Lua



O próximo plano é o da Lua,
cortada pelas nuvens.
A menina da janela olha e vê a Lua.
Sente ampliado o seu olhar...
sente cheio o seu olhar.
E vai à Lua tomar Sol.

(Scheilla Franca)

Estilhaço



Sua doçura é vil
Quando me reparte aos pedaços
Centenas a mil
Com o único intuito
Simplório e ardil
De me levar uma parte
Souvenir de abril

E ao cair no chão
O estilhaço vira tempo
O tempo vira espaço
E eu me transformo
Nos minutos que vivemos
Nas músicas que ouvimos
E no valor que não demos

Agora o que nos resta
O quinhão da saudade
A vagar pela cidade
Espalhando nossas centenas
Pra que alertem
Os corações ainda inteiros
Que antecedem esta cena.

E eu não vou mentir
Que tudo que faço
É pra me ver em estilhaço
E ter de mim um pedaço
Junto ao teu coração de porvir.
Dançando esta cena, sorrateira,
Não finjo, posso até mesmo sorrir.


(Scheilla Franca) 

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Breve comentário sobre Paciência


A vida não para, a vida não para, não.
Tem dias que sinto invadir o peito uma luz
Mas não consigo ver ao certo o que clareia.
Será que é tempo que me falta pra perceber?
Mas a vida não para, não é?
E a minha loucura cultivada, arquiteta a normalidade
Dos segundos que se vão. Em vãos.
Nunca em vão. Que cada segundo transcorrido
Traz em si, a semente de nossos sonhos.
Porque a vida não pára, mas o sonho pede
Um pouco mais de calma. Mesmo assim
a luz no peito, abre-se azul e espera
o momento de fazer brotar um mundo.
Nosso universo particular. Germinar.
E quem quer saber? A vida é tão rara.
E o corpo continua a gritar por mais alma.
A vida não para, não para.

Linda música de Lenine. Vale pensar um pouco a respeito.



Paciência (Lenine)

http://www.youtube.com/watch?v=je-RTYbzoEk

Par, Ímpar




Estou com sono, eu tenho medo só
Não é segredo e só eu sei
Eu fujo só do que não sou

Mas eu só corro em círculos
Me reinvento e está lá
A página em branco e o medo só

O que não sou também
Eu só não entendo por que.
E eu me pergunto o motivo

De não saber. É que não vou só
Ao encontro do que só eu sou.
Só ouço uma voz minha, rouquinha:

Porque quer branco, quer ser branco só
Quer ser nula, quer ser cidade
Quer ser país, não quer ser só.

Só estar. Só não se iluda,
Diante do espelho, ninguém pode estar
Só.


(Scheilla Franca)

domingo, 15 de maio de 2011

Alquimia



Não é lícito, não é direito
Fazer bater assim no peito
Um coração distante e apagado
Brasas em cinzas
Tempo passado.

Não é fácil, nem é verdade
A realidade que você me propõe
A compor olhares e convites
Em versos, compassos
E em contradanças.

Não sou criança, tampouco você
Mas não pare, por favor
Que essa nossa relação não é
Lícita, nem de longe é de verdade
Nem é fácil, mas é de direito

Que a vida flua
Que a sua voz me cante
Que o seu coração me transplante
E converta
Carvão em diamante

Cinzas em brasas
Eternidade num instante
Torpor em alegria
E ora veja se não é
A música uma alquimia.

(Scheilla Franca)

SAMBA...

Porque meu coração bate selvagem e gentil,
verde e rosa...





Alvorada lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo é tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo
( a alvorada )
Você também me lembra a alvorada
Quando chega iluminando
Meus caminhos tão sem vida
E o que me resta é bem pouco
Ou quase nada, do que ir assim, vagando
Nesta estrada perdida. 


(CARTOLA)


http://www.youtube.com/watch?v=lEHA2F5cmok

sábado, 14 de maio de 2011

Coração Destemido


Coração que não tem medo
É que nem água 
Que corre em segredo
Por cima, soa calminha
Por baixo remove rochedos.

Coração que não tem medo
Irradia luz, desfaz a escuridão
Inexplicável energia
Que enche de alegria e leva embora
As dores, nostalgia e dissabores.

Coração que não tem medo
Teme, acima de tudo
Ser corajoso, destemido demais.
Aí ninguém vai ouvir seus ais
E a solidão, ele sabe bem como dói.

Quem não tem medo, coração?
Eu bem sei, que neste mundo não há
Um coração que não estremeça
Diante de um perigo, desafio ou amor
Porque esses não há como controlar.

(Scheilla Franca)

Minha página em branco


(Vladimir Kush)


Que venham as minhas cores. Palavras, pensamentos, filmes, músicas, poesias, noticias, comentários, exclamações, sustos, encantamentos, pinturas que, ainda que não sejam minhas, muito me pertencem. E pertencem a todos que se identificam. Compartilhemo-nos. Porque o desconhecido, muitas vezes, se esconde atrás do trivial. Do mais trivial pensamento. Aquele a quem não dou devida atenção ou subtraio valores. Que nada é como a gente vê. E nada deixa de ser.