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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Retorno de Saturno

Dedicado à Raquel Rocha

Em poucas linhas
me indefino hoje. Elas
Estão sob meus olhos,
Prateando meus cabelos,

Ao redor da minha boca,
Nas palmas das mãos,
No colo, me aninhando,
São escudo e proteção.

Saturno me ensina
Que o hoje foi escrito
Com essas linhas do coração,

e eu parei, calei pra ouvir.
Por essas linhas
Vale a pena, parar e seguir.

O futuro eu vejo com a cicatriz de catapora que marca meu terceiro olho.
(Scheilla Franca)

Mal de Lua



Querer saber o por quê
Por que o por que quer saber
do que devia bastar 
No que já é, se é que é, ou será?
Mas com o olhar, o sorriso e o arrepio
Já corre juntinho o pensamento
A indagar, perguntar, inquirir

Se é, por que será, não é?

É mal de lua
É bem da lua em Gêmeos.
Nao se contenta em sentir
Tem que buscar, cutucar,
Entender, racionalizar e confundir
Correr de um lado a outro
até o dedo mindinho, sem descansar

O que é, se é, o que será, não é?

Não bastasse passar o dia
A me despetalar em poesia
malmequer, bem-me-quer,
Mal de lua cheia de interrogação
Pra lidar com esse seu teretetê
Tem que tentar entender o por quê
Quando devia bastar o sabe-se la o quê.

Porque o que é, se é que é, um dia será.
Não é?

(Scheilla Franca)

Chama


Tem chama que faz brotar vendaval
Num sorriso. E eu, indeciso, não sei se fico ou se saio
No meio desse temporal astral carnal ilegal

Tem gente que é chama, tem
Tem gente que chama e não vem
Sair é correr o risco de ser pego por um corisco

Aquele trovão arisco que vem
Com o vendaval, chama de temporal,
E me risca os céus e divide o pensamento

Astral carnal ilegal
que brota dum sorriso que é chama
que chama e eu não sei se vou ou se fico.

(Scheilla Franca)