Página em branco com pensamentos, poesias, fotografias, filmes, músicas, pinturas.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Heimweh



Eu não entendo
Nada do que você diz
Mas você diz mesmo assim
E eu sinto, meio sem

Querer. É busca.
Eu estou aprendendo a ver
Eu estou aprendendo
Não se preocupe

Que nada é em vão.
São escolhas. É tempo.
É espaço. São vãos. O caminho mais certo
Nem sempre é o fácil. E por que não?

Eu sinto saudades e você não vai ouvir.
E no fundo, aquilo que eu
Não entendo e sei 
É que você sente também.

Somos estrangeiros.
Somos estrangeiros.
Somos estrangeiros.
Até que os olhos se encontrem.

(Scheilla Franca)

sábado, 18 de junho de 2011

Madrugada



Ante o pulsar
Atônito
Do meu peito
Afônico
O seu olhar
Atômico
Fez falta, falta que faz
Falta de
Ar.
Falta você
Ao som da Flauta
O dom que falta
A Lua no céu vai Alta
Vai Lua pra trás do mundo
E traz a falta que faz
Rastro mudo de estrelas
Na noite Azul
Pra eu me tocar
E ouvir o Silêncio de tudo
Que me espera tanger
Tocar
Pra ser pulso 
Acelerado e falta de
Ar.

(Scheilla Franca)


segunda-feira, 13 de junho de 2011

Temporada das Flores (Leoni)

Amo!
--

Que saudade agora me aguardem,
Chegaram as tardes de sol a pino,
Pelas ruas, flores e amigos,
Me encontram vestindo meu melhor sorriso,
Eu passei um tempo andando no escuro,
Procurando não achar as respostas,
Eu era a causa e a saída de tudo,
E eu cavei como um túnel meu caminho de volta.
Me espera amor que estou chegando,
Depois do inverno a vida em cores,
Me espera amor nossa temporada das flores.
Eu te trago um milhão de presentes,
Que eu achava que já tinha perdido,
Mas estavam na mesma gaveta,
Que o calor das pessoas e o amor pela vida...
Me espera estou chegando com fome,
Preparando o campo e a alma pra as flores,
E quando ouvir alguém falar no meu nome,
Eu te juro que pode acreditar nos rumores.
Me espera amor que estou chegando,
Depois do inverno a vida em cores,
Me espera amor nossa temporada das flores.







sábado, 11 de junho de 2011

Harpa



São cordas essas linhas
Não são nada e por isso
Vibram sem compromisso.
Cheias de vícios,

Berrando vida
Burlam
O Silêncio
Dos meus dias.

Cortejando o amor
Declarando o perdão
São minhas as cordas em que
Desliza surda e

Sem saber,
Ou antes, sabendo-se mais,
Aquela que talvez seja
Estrangeira de Si.

São dias essas linhas
Ligeiras
Breves
Estrangeiras, não são minhas.

E o Sol nasce na linha
do Horizonte.

(Scheilla Franca)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Infância



Você me deu a liberdade
Agora é minha, agora é minha
Aquela rua, aquela rua
Ela é minha, ela é minha
E as estrelas do céu
Todas minhas, todas elas
Se refletem no ladrilho
Feito vidrilho, meu ladrilho.

Eu me livrei do espartilho
Respirei fundo, me enchi de ar
E voltei a flutuar,
Voar, voar
Num céu laranja de vidrilho
Onde o sol já faz ferver
O chãozinho de ladrilho
Alí eu não piso, não piso não.

De lá de cima, eu posso ver
Você correr, me procurar
Cheia de mim, cheia de ar
Eu penso, sem te falar
Que essa rua, essa rua minha
Eu sei onde vai dar
Corre, corre até o ladrilho acabar
Vai dar no mar, vai me encontrar.

(Scheilla Franca)

domingo, 5 de junho de 2011

Acorda



Tá guardado o violão
Foi herdado, né meu não.
Tá no quarto, lá no galpão
Do que eu não ouso tocar,

Eu não. É bonito o violão
Empoeirado, uso não.
Um dia acordei, pensei então
Que havia sentido não

Em viver em caixas, solidão.
E vestir-se do que não se ama em vão.
Lógica imprecisa de um peito
Adormecido. 

E de tanto dizer não
Minha alma bem assim
De tanto ouvir não,
O violão disse sim.

Estancou meu pranto.
Desempoeirou meu sonho e
Como que por encanto, vibraram as cordas
Que aguardavam meu canto.

(Scheilla Franca)

sábado, 4 de junho de 2011

Amorenar.



Um coração sereno
É alegria sem mistério
Clareia abismos inteiros
Com seu olhar sincero.

Não há limite que não
Se transponha. Uma alma
Que sabe o que quer, que
Sabe quem é e

É bonito demais
Sentir a vibração de um olhar
E deixar-se tocar, se amorenar
Nesse Sol resplandecente

De paz. Que mexe com a gente.
E o bem que faz, não há
Descrição que sustente.
Meu Deus, só sabe quem sente.

É frescor que desfaz deserto
E faz sorrir remando em mar aberto
Ainda que seja sozinho
É calmaria.

O amor é a sua língua e os anjos
Estão contigo a dialogar. Sua voz é acalento
E os doces gestos trazem alento
Tingindo de azul claro esse bolero.

É bonito demais
Sentir a energia do seu viver
E deixar-se, simplesmente, mergulhar
Nesse mar, febril, vibrante.

(Scheilla Franca)

Asas do Desejo (Wim Wenders)

Margens



Às vezes de noite
Na janela fico a suspirar e
Aquela rua vazia e imaculada parece
Querer me convidar 

A percorrer seus caminhos
De labirinto
Eu sinto, não devo recusar
Um convite tão sincero do luar.

Então eu tiro o sapato e
Consigo tocar
O frescor do silêncio que antecede
O despertar no mês de agosto

Vou sentindo e seguindo
pra onde a rua quer me levar.
E pouco a pouco as pedras vão dar no mar...
Agora pisando na areia eu ouço seu canto

Também a vagar. E assim caminhando, perdidos
Tato com tato, eu posso escutar
Os grãos que cintilam
Singelos e amarelos à luz do luar

Sorrindo com o toque do nosso pisar.
Depois dessa travessia 
Em que se despede,
A nossa solidão, eu devo voltar

Pro dia que com tamanha
Euforia, me faz despertar.
Mais tarde, descompassada
Sem nome, atrasada e

Acordada demais pra lembrar
Eu te encontro pisando as pedras
Onde nos despedimos da solidão
Molhando nossos pés nas margens

De um mar de ilusão.
Sonho, loucura e emoção
De duas almas
Descalças, insones, sem chão.

E eu fico ali, parado
A contemplar, risonho
Você sair apressada e deixar
Seu rastro dourado de areia a brilhar.

(Scheilla Franca)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dança




Não estranhe a minha pressa
É que eu não posso deixar passar
Destino, cansei de discutir
Vamos chegar num consenso
Que seja pros dois a contento
Sem mais desavenças, eu aconselho.

Dou-me a ti, em minha dança primeira
Entrego-me, rendo-me ao teu olhar.
Conduza-me os passos incertos,
Agora um pouco seus
Ainda que sejam meus
Os pés, compartilhemos o caminho.

Entrego-me em dança, 
Vem dançar, vamos dançar
Que o Sol há de raiar
E eu verei, por fim
O que se escondia e agora
Irradia em mim.

Dancemos pra iluminar
Conduzir, entregar, confiar
Parceiros
Inteiros
Luz e
Sim.

(Scheilla Franca)

A Canção que chegou (Cartola)



Não canso de ouvir...
Indico demais... Aliás, indico o CD inteiro "Verde que te quero Rosa", de Cartola (1977).

É de Cartola, mas é tão meu nesse momento...

----


Na manhã que nascia encontrei
O que na noite tardia desejei
E vou feliz a cantar por aí
Assim...
Toda tristeza que havia
Agora expulsei
Com a canção que chegou
E vou cantando alegre
A felicidade que Jesus mandou
Lembro dos tempos de outrora
Que quase me roubam
A esperança e a fé
E hoje me volto contente
Cantando pra Deus
Que tanto me ajudou
Não vou culpar os amigos
Fingidos que outrora eu tive
Na vida
Nem vou dizer
Que a razão do fracasso
Se prende a batalhas perdidas
E confiante despeço-me
Todo feliz a cantar
Agradecido ao bom Senhor
Por me ajudar

Compromisso


Hoje acordei disposto
A falar de compromisso
Mas as palavras fugiram
Me faltaram, sumiram

Cambalearam e burlaram
O meu compromisso
Daquele que sou cativo
Por vontade, é preciso dizer,

É verdade. Que pra ser cativo
É preciso antes saber ser carteiro
De versos que virão. Pra ser livre,
Para ser inteiro, ser cativeiro de inspiração

É preciso estar disposto
a estar à disposição
Sem saber ao certo
Dos caminhos que virão.

E assim, meio sem vontade, sem definição 
Atravessei a rua
E fui atropelado pela vibração
De um olhar tão vivo

Calado de dor, vazio de não.
E só então fui encontrado
Pelas palavras fugidas, resgatado
Que encontraram agora inteiro

O meu coração atropelado
Por tanta vida ganhou novo nome e ainda ofegante
Sorriu versos renascidos
Sem compromisso alí mesmo, alí no chão.

(Scheilla Franca)