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sábado, 4 de junho de 2011

Margens



Às vezes de noite
Na janela fico a suspirar e
Aquela rua vazia e imaculada parece
Querer me convidar 

A percorrer seus caminhos
De labirinto
Eu sinto, não devo recusar
Um convite tão sincero do luar.

Então eu tiro o sapato e
Consigo tocar
O frescor do silêncio que antecede
O despertar no mês de agosto

Vou sentindo e seguindo
pra onde a rua quer me levar.
E pouco a pouco as pedras vão dar no mar...
Agora pisando na areia eu ouço seu canto

Também a vagar. E assim caminhando, perdidos
Tato com tato, eu posso escutar
Os grãos que cintilam
Singelos e amarelos à luz do luar

Sorrindo com o toque do nosso pisar.
Depois dessa travessia 
Em que se despede,
A nossa solidão, eu devo voltar

Pro dia que com tamanha
Euforia, me faz despertar.
Mais tarde, descompassada
Sem nome, atrasada e

Acordada demais pra lembrar
Eu te encontro pisando as pedras
Onde nos despedimos da solidão
Molhando nossos pés nas margens

De um mar de ilusão.
Sonho, loucura e emoção
De duas almas
Descalças, insones, sem chão.

E eu fico ali, parado
A contemplar, risonho
Você sair apressada e deixar
Seu rastro dourado de areia a brilhar.

(Scheilla Franca)

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