Parada.
Com o cigarro na boca
E os olhos sobre o mar.
Puxou meu braço esquerdo
Com força e sem razão.
E me cobriu com as palavras, pouco usadas:
Faça-me ou nada serei.
Por uns segundos ou mais
Fiquei pensando o quão inquisidor pode ser um poema.
Olhos sobre o mar, alma nas palavras,
Mãos sobre a página, calada.
O que o poema disse
era ao que eu estava fadada.
A página em branco não tem linha
de Horizonte, nem céu, nem nada.
Que tal algumas ondas?
Nadar. Isso. Nadar.
(Scheilla Franca)